quarta-feira, 31 de agosto de 2011

(DES) CONFIANÇA



Você busca por respeito?
Respeite primeiro a si mesmo.
Quer reconhecimento?
Reconheça ao próprio rosto no espelho.
Gosta da cumplicidade?
Seja cúmplice das suas escolhas.
Busca honestidade nos outros?
Procure ser honesto consigo.
Admira lealdade?
Inspire-se na lealdade de um cão.
Deseja alguém sincero pra você?
Some a sinceridade dos seus atos.
Quer merecimento e felicidade?
Mereça, inclusive, suas lágrimas.
Espera alguém em quem confiar?
Confie, antes, em seus princípios.
Você não quer ser traído?
Então não traia sua integridade.
Porque quem trai se desrespeita,
Trai especialmente a si próprio.
Trai as propostas que fez a si mesmo,
Trai seus valores e objetivos.
Trai a confiança nas próprias escolhas.
Trai os pensamentos que teve,
Os investimentos que fez.
Aquele que trai é duplamente traidor,
Primeiro, destrói o encanto que tem de si.
Depois, desilude o outro que lhe acreditava.
A personalidade se afirma uma vida toda,
A confiança se parte em poucos instantes.
Sua traição é seu próprio cárcere,
Pois quando você trai,
TRAI, NA VERDADE, A SI PRÓPRIO.



Roberta Santos
30/08/2011.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Palavras Pequenas Apenas



Oi vem sim
aqui mais
assim bom tem.


É ih hmm
quê mas
Eu tu nós.


Tchau vai não
lá foi
só ruim já.


Há dor eu
tu não
nós tudo fim.


Roberta Santos
27/08/2011.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vão-se os anéis...



Ficam-se os dedos.
Inevitável o jargão. Aliás,
Evitável mesmo, são os anéis.
Um anel é cultura, símbolo.
Um sentimento é autenticidade,
Aquilo que não é divisível por dois:
IN - DIVI - DUO
Indivisível, portanto.
Dedos vazios não falam,
Mas nossas mãos contam nossa história,
E elas aprendem
Que coisas machucam e queimam,
E deixam marcas que ficam,
Mas resistem em se aproximar novamente
Das mesmas estruturas instáveis.
O que eu sinto é meu.
E não seremos felizes para sempre!
Não! Ninguém é!
Um anel cabe em muitos dedos,
Mas a história que ele carrega
Não cabe a qualquer um.
Essa cultura não cabe em mim.
Não há comunhão de sentimentos.
Só de alguns desejos, por algum tempo.
O dedo é meu, o corpo, a impressão...
Eu crio e recrio minhas verdades,
E não há nada em absoluto.
Te enalteço, pra do teu lado,
Sentir o cheiro e conforto de um abraço.
E te abomino, porque longe agora,
Lavo o perfume e levo a lembrança daqui.
Vão-se os anéis...
E tudo mais que seja dispensável.
Vai-se o tempo do relógio,
Pessoas saem pela porta,
E o que fica, não se divide por dois.
Não sei o quanto vale,
Ou se é por quilo que se mede.
Só você, no teu silêncio e solidão,
Só eu, na ânsia por resposta e conclusão,
INDIVIDUALMENTE
Mediremos o que fica
De quem não ficou.
Olhemos nossos dedos, eles ficam.
E é elegante o silêncio,
E necessário, para olharmos para dentro.
Meus dedos estão intactos!
E as respostas em construção.
Vão-se os anéis,
Ficam-se os dedos!


Roberta Santos
20/08/2011.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quem ri por último...




Nem tudo o que reluz é ouro.
A marca do perfume é aparência,
O cheirinho de terra molhada é essência.
A estética de um corpo é aparência,
O tamanho do abraço que ele te proporciona é essência.
As unhas impecavelmente vermelhas são aparência,
A mão secando as lágrimas no teu rosto são essência.
O novo modelo do caríssimo carro é aparência,
O modelo de vida e valores que se elege é essência.
O novíssimo aparelho de celular no bolso é aparência,
A solidão que você sente quando ele não toca é essência.
A entrada VIP na festa badalada é aparência,
A insignificância da multidão dentro de você é essência.
O rótulo glamuroso da champagne é aparência,
Não ter nenhum motivo para brindar é essência.
Ter público para te assistir nas glórias é aparência,
Ter um amigo pra ouvir teus insucessos, sem julgar, é essência.
Um lençol de zilhões de fios de seda é aparência,
Alguém pra dividir a cama e a realidade contigo é essência.
Ter popularidade em um meio seletivo é aparência,
Ser aceito e indispensável no "seu meio" é essência.
O sucesso é apenas uma medida que se usa
para qualificar e quantificar as "melhores" pessoas
em uma determinada situação competitiva.
Ele não torna ninguém melhor, é excludente
e aceita apenas um nome para condecorar.
É o fracasso que te determina!
É ele que te obriga a procurar superação,
te deixa em crise, te testa, instiga a evoluir;
Te ensina a humildade de se levantar;
A generosidade pra estender a mão;
Te ensina a pedir e a oferecer;
Te torna humano e sensível com toda a maioria
que não alcançou o status do sucesso.
O sucesso te dá a aparência,
O fracasso determina tua essência.
Você não é um privilegiado
quando não há grandes obstáculos no caminho.
Não nasceu pra ter só alegrias e ser feliz.
Merece chorar e tem o direito de estar triste,
e isso nenhum Rivotril pode tirar de ti.
Porque estar deprimido é a essência,
e rir com o Rivotril é aparência.
Nem tudo o que reluz é ouro,
quem ri por último, Rivotril.


Roberta Santos
20/08/2011.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Relato de Caso



Zero grau (O°C). Vento, chuva e neblina cortando a orelha, ressecando a pele e rachando os lábios. É noite de sábado. Você tem certeza de que só o pijama apeluciado é que te ganha no duelo entre "o que fazer". Tudo bem, nada mal! Um filme qualquer e dorme-se cedo. E esse é o ponto! É o que vai te definir no dia seguinte, quando se teria a manhã toda para dormir preguiçosamente. Eu não sei bem o porquê, mas os anos a fio que se seguem da adolescência te empurram pra hábitos bem mais bohêmios e sedentários do que saudáveis e proveitosos. Eu tô mudando, pô! Ou apenas experimentando um outro estilo de vida. Só que o domingo apela pra alguma coisa a mais. A ostra já tá pequena e monótona e então a decisão tomada tem de ser mais drástica. O termômetro sobe. Cinco graus (5°C). Uma ensolarada manhã de domingo. Levanto da cama e me arrumo, pé por pé, constrangida em contar qual é o plano, tão avesso. -Sim, mãe! É isso mesmo, vou caminhar! E daí? Não se pode caminhar sozinha? Tá, dá um tempo, não preciso convencer ninguém do que eu vou fazer! Óculos de sol, manta no pescoço, luvas, fone de ouvido. É quase um disfarce (eu não seria facilmente reconhecida). Vou lá! A farda é complexa e demorada. Calça o tênis e vai. São 10:30 da manhã. Que silêncio nas ruas! Deve ser até perigoso, eu acho, de tão deserto. Começa a entrar nas narinas um tal de ar puro, no ouvido, um tal de silêncio puro. -Esqueceu, pô! No celular tem música! Detono, porque o silêncio é tanto que já se torna irritante. Com sorte, radialistas e comunicadores devem ter folga, e escolhem um disco pra tocar do início ao fim. Rock gaúcho (que me é sempre simpático). Nenhum de Nós, êba! "Eu caminhava e sentia que o tempo passava, eu caminhavaaa..." Atravessa rápido e não perde o píque, cantarola junto, que ninguém tá vendo. - Cacete! Esse celular tem um volume que eu nem imaginava, me sinto no show ao vivo. Sincronizo as passadas com as batidas da música. "A calçada não é pai, não é mãe, não é nadaaa..." E o ar puro que entra e sai, entra e sai, até que seja bruscamente interrompido pelo bafo quente do couro temperado de galinha assando circularmente na televisão de cachorro! Eu nem imaginava que tinha tanto público e paladar pra frango assado, não mesmo! E teretetê é uma ninhada de galinha girando. Lá se vai a impressão de momento saudável. Que inspiradas mais cheias de tempero, credo! Ok, decide-se voltar. E quando se decide voltar, é muito patético. Tu escolhe um ponto sem qualquer justificativa lógica e dá meia volta, só isso! "Camila-a, uouu, Camila, Camilaaa..." Já está acabando. Tu conseguiu! Ahh, garota! Dá uma coisa, e saltitando com um quê de orgulho de si mesma, uma superação daquilo que sempre te dominou, te determinou, te escravizou. - PREGUIÇA, cadê você?! Eu já ouvi falar mesmo dessas coisas de exercícios que liberam sei que lá de hormônios de prazer, mas daí a acreditar... tsc, tsc, tsc... Sempre com o pé atrás! Mas a música é tua, a rua é tua, o ar é teu, a pulsação é tua e o frio até passou! Só agradeço o frango assado, obrigada, hoje não! Não dói, não arde, não mata e sinceramente, dá até uma peninha do pulmão por queimar um cigarro antes mesmo de entrar em casa. Mas também daí já seria demais, né!!!


Roberta Santos
20/08/2011.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O MUNDO É UM MOINHO - CARTOLA



Um pouco de pedigree (enquanto a autora das palavras embriagadas recupera-se de uma ressaca)




EU APRENDI





Eu aprendi...
que ignorar os fatos não os altera.
Eu aprendi...
que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você.
Eu aprendi...
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas.
Eu aprendi...
que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa.
Eu aprendi...
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda.
Eu aprendi...
que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu.
Eu aprendi...
que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar.
Eu aprendi...
que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito.
Eu aprendi...
que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a.
Eu aprendi...
que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.


William Shakespeare

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A minha base...



O meu cristo não carrega uma cruz,
Eu sou devota em pessoas e atitudes,
E a minha fé não está no divino,
mas no humano.
Do tudo em que eu creio,
se resume basicamente nisso:


"Se você é capaz de tremer de indignação diante de qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, então você é meu companheiro".


Ernesto Guevara, o Che.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

E na minha via láctea...



"É só hoje e isso passa,
só me deixe aqui quieto,
isso passa!

Amanhã é um outro dia, não é?

Eu nem sei porque me sinto assim ,
vem de repente um anjo triste perto de mim..."

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

EU BIBELÔ




Eu tenho a força herdada das experiências,
A coragem parida das horas de medo,
A determinação crescente das necessidades,
E, com isso, eu posso ter tudo o que quiser...
Ser uma camaleoa...
A tua parceira desbocada na arquibancada do jogo,
A tua companhia doce do chimarrão ao fim de tarde,
A tua boneca-primeira-dama-pseudo-elitizada.
Alimento a rebeldia política da esquerda-partidária,
Uma idiotice para uma cabeça materialista.
Uso a frieza racional no combate à superficialidade.
A minha superfície é meiga e adocicada,
Mas os nervos são de aço e a bravura ferve em brasa.
Me passo por um bibelô estático e pronto para, imóvel, ficar empoeirado.
O salto é alto, a saia é curta, a meia-calça é fina,
Mas os pés bem firmes no chão, o orgulho dos princípios em alta
e o compromisso de valorizar quem "é" antes de quem "tem",
dentro de uma casca muito grossa.
Eu posso ter a grife, a jóia, o aplique do cabelo,
o perfume importado, o carro conversível, o esquí nos Andes...
Eu posso ter tudo, basta querer!
Mas ninguém no mundo, mesmo querendo e pagando bem
pode SER QUEM EU SOU!

É... Meu bibelô não está à venda.