quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vão-se os anéis...



Ficam-se os dedos.
Inevitável o jargão. Aliás,
Evitável mesmo, são os anéis.
Um anel é cultura, símbolo.
Um sentimento é autenticidade,
Aquilo que não é divisível por dois:
IN - DIVI - DUO
Indivisível, portanto.
Dedos vazios não falam,
Mas nossas mãos contam nossa história,
E elas aprendem
Que coisas machucam e queimam,
E deixam marcas que ficam,
Mas resistem em se aproximar novamente
Das mesmas estruturas instáveis.
O que eu sinto é meu.
E não seremos felizes para sempre!
Não! Ninguém é!
Um anel cabe em muitos dedos,
Mas a história que ele carrega
Não cabe a qualquer um.
Essa cultura não cabe em mim.
Não há comunhão de sentimentos.
Só de alguns desejos, por algum tempo.
O dedo é meu, o corpo, a impressão...
Eu crio e recrio minhas verdades,
E não há nada em absoluto.
Te enalteço, pra do teu lado,
Sentir o cheiro e conforto de um abraço.
E te abomino, porque longe agora,
Lavo o perfume e levo a lembrança daqui.
Vão-se os anéis...
E tudo mais que seja dispensável.
Vai-se o tempo do relógio,
Pessoas saem pela porta,
E o que fica, não se divide por dois.
Não sei o quanto vale,
Ou se é por quilo que se mede.
Só você, no teu silêncio e solidão,
Só eu, na ânsia por resposta e conclusão,
INDIVIDUALMENTE
Mediremos o que fica
De quem não ficou.
Olhemos nossos dedos, eles ficam.
E é elegante o silêncio,
E necessário, para olharmos para dentro.
Meus dedos estão intactos!
E as respostas em construção.
Vão-se os anéis,
Ficam-se os dedos!


Roberta Santos
20/08/2011.

Um comentário:

  1. Mas os dedos só não ficam, porque por perto sempre tem uma mão amiga pra ser entrelaçada.. amo você minha preta linda.

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